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Sozinho e bem acompanhado

by Mauricio Ribeiro

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1.
Ferrovia 03:42
Na mesma esquina morava Nada de mais pra rir ou ver Acontecer Mas olhava Gotas de tinta Parte do dia chorava Antes do trem partir às três Na rua, a cruz desenhada Deita e se cala Vai sonhar e ver se alguém ainda vem Pra responder o que virá pra colorir Além da estrada escondida, ferrovia descarrilhada
2.
Toco tua boca Com meu dedo contorno tua boca E desenha, meu dedo, nova boca Na tua Toco a nova boca Um sorriso e percebo outra boca Abro os olhos e vejo tua boca Na outra E segue em liberdade o meu desejo Imaginando em teu rosto bocas Por um acaso que nem tento compreender Ficam sempre como a tua Olhas no meu olho Num segundo estás dentro do meu olho Fecho os olhos e sinto tua boca Na minha Lutam lábios Línguas levemente tocam dentes Ares de perfumes muito antigos vão e vêm E se nos mordemos Doce é nossa dor E se nos falta, de repente, o ar Afogado, nosso beijo é uma pequena bela morte Uma só saliva Um só gosto de fruta madura E teu corpo a tremer como a lua Na água Como a lua na água
3.
Meu corpo tem trilhos, meu corpo tem trem Meu corpo tem trecos e vaga pra versos, Meu corpo os tem sem ter corpo nenhum Nem coisa que-nem. Meu corpo tem corpos que correm no corpo, Que é corpo sem corpo – que é corpo de quem?! Meu corpo é trilhos, meu corpo é um trem! Que corre sem corpo num corpo que é corpo e mente também. Meu corpo é vagão com vagas – mais cem – Pra corpo, pra corpos, pra verso, pra treco, Pra trilhos, pra trem, que corre com a mente – e corre tão bem! Meu corpo é demente: Ê corpo discrente! Meu corpo desmente que é corpo que mente Que mente que corre – que mente tão bem Que mente até cem; que mente até sem mentir pra ninguém... Às vezes vai e vem Um verso viçoso, Sem trilhos nem trem; Um verso arvoroso De quem-sabe-quem... Nem Deus vai saber, porque tanto fez! Porque tanto faz o menos ou o mais: Porque nem talvez, Meu Deus, Deus não tem! E o poeta é que-nem: Num verso, forçoso, se perde também; Mas segue, colosso, por mal ou por bem. – Não-seja ou Amém!
4.
Preparo caravana aos confins de mim, mas não há tantos homens, lá, querendo ir dentre eles há aqueles que jamais, de si, [vêem-se partir. Por mais que não lhes custe nem um só tostão, é temerosa a hora de se darem as mãos, doarem-se a um homem que, por profissão, [doa o coração. Preparo caravana aos confins do pouco – e muito – mundo que há em mim, mas não há tantos homens, lá, querendo ir – e entendo a razão de serem bem assim. Que será que hei de exibir? Um emplastro? O grão-elixir? Não; e nem sei bem o quê; mas eis-me aqui... aqui... pronto pra partir. Por mais que não lhes custe nem um só tostão, pode essa eudisséia ser até ruim; mas nós seguiremos, mesmo após seu fim, [feito dois irmãos. Preparo caravana aos confins do pouco – e muito – mundo que há em mim, mas não há tantos homens, lá, querendo ir – e entendo a razão de serem bem assim. Que será que hei de exibir? Um emplastro? O grão-elixir? Não; e nem sei bem o quê; mas eis-me aqui... aqui... pronto pra partir.
5.
Mediterrar 03:11
Senti tão lá Pra cá eu vim mas vou voltar Pequi aqui não há Nesse cerrado 'inda não vi ventar Mas quando eu for para Beagá de vez E o sol nascer sem mar Vou sentir até talvez Saudades de mediterrar Aqui tão só Tomando vinho pra esquecer Lembrar o tempo bom Rolando o som até amanhecer Pode ser também que tudo lá mudou Ou eu me transformei Quanto tempo, enfim, já se passou Agora já nem sei Agora sou Daqui também Não sei Tanta gente que eu quero bem por cá (Mas) deu vontade de partir
6.
Trilha clara 04:12
Quem crê e não duvida Nas muitas maravilhas do amor De amar Todo grande, todo elegante é o amor Amar E tudo dar, e tudo acender ao luar E ao luar renascer De lá, o amor respira Alto no firmamento a brilhar Luzir Todo homem, toda mulher é de amor Poder E tudo ser e se refazer na manhã E dominar, desatar o sofrer E não irá morrer de amar E não irá morrer Vejo a trilha clara, raro entardecer Quero a Guanabara linda pra você Dormirão cidades, despertar Quem crê e não duvida Nas muitas maravilhas do amor Todo grande, todo elegante é o amor Amanhecer, anoitecer você De lá, o amor respira Alto no firmamento a brilhar Luzir Todo homem, toda mulher é do amor Dever E tudo ser e se refazer de manhã E dominar, desatar o sofrer E não irá morrer de amar Não irá do amor morrer Vejo a trilha clara, raro entardecer Quero a Guanabara linda pra você
7.
Todo dia Menininha A caminho de sua casa caminhava A cantar tão venturosa a vidazinha... Certo dia Menininha A caminho de sua casa caminhava A cantar tão venturosa a vidazinha... Que não viu: que vinha voando a peruinha. “Paraíso” é o que dizia a plaquetinha.
8.
Ma peau s’attriste piano sans touches oiseau sans ailes Ma peau est triste telle une farouche et cloitrée bête Elle est un cimetière où se couche tous ces souhaite Qui n’ont ni rime ni raison douce, ou lourd, ou frêle Creusée, abîme, mémoire Dans trou Ma peau t’appelle
9.
Marginal Um gozo na carne, um tiro na veia Circular À sombra da noite, minha cabeça Gotas de lua acendem o mar em mim Caio na rua, sinto no ar um gosto de chuva Pelos poros, portas, janelas Becos tortos, vilas, vielas É tão tarde agora pra dormir Temporal Por dentro da pele, a alma molhada Um sinal A calma do vento, o tempo parado
10.
Desejo 04:26
Reluziu Dia branco bem depois do breu O azul Todo azul do céu amanheceu Raiou O incansável sol apareceu E eu Em silêncio então permaneci No afã Vi aldebarã se iluminar No frio da tarde de abril Meu coração Logo pediu Amor em mim Um pouquinho só de amor valeu Solidão Véu da noite na escuridão Reluz Olho encantado do toré Que vê Índio invisível se benzer E eu Entoei um ponto pra kerê Kerê Laroyê chamei para varrer O mal que insiste em nos doer Meu coração Então pediu Amor em nós Um tantim de amor pra valer Amar Ser de novo novamente gente Erguer Uma humanidade diferente Capaz De viver a vida simplesmente Para ver O azul do céu amanhecer E eu te dou meu coração Pulsando mais Amor
11.
Vejo uma piscina azul Você se afogando Então, corta o pé num azulejo Vem e te come um tubarão Um tubarão branco A piscina é perigosa Você não sabe nadar Corre, escorrega na borda, Bate a cabeça no chão O seu sangue escorre, E vem o tubarão O tubarão lá da piscina Que manda em tudo, e determina Onde vai você, Como anda E o que vai comer
12.
20 anos 04:07
instrumental
13.
02:54
Seria tudo um sonho, tudo um só? Alguma diferença se não for? De um lado um oceano, de outro um nó que tornava-nos um par Que contornava a nossa ilha. Se pra fazer sentido essa dor Precisa ter saída ou sabor? Eu sobreviveria um dia, só não me peça pra ficar Só não me deixe sem saída. O ponto fraco desse cordel É o nó que une você e eu A milhas daqui Em terra ou ao mar Aviso ao navegante amador Tem dor que gente sente pela dor É muito diferente dessa da qual acabo de cantar Dor que se sente quando passa A chave da questão é procurar Eu vou desancorar e navegar Vivemos como foi preciso, mas não me peça pra voltar Desembarquei de nossa vida O ponto fraco desse cordel É o nó que une você e eu Mil milhas daqui Em rimas ao léu
14.
Nós 01:12
instrumental
15.
Essa dor 04:35
Lancinante dor que me retalha a cada instante Chaga no meu peito que não quer sair Arrogante desespero, forte diamante que me dilacera, me faz desistir Paciente ardor que me consome lentamente Força que me atinge de lugar algum Consciente estou de que a queda é iminente Logo cedo, e caio no lugar-comum Mareado de tristeza, embebido em agonia, exaurido de próprio-amor Isolado em fortaleza, enjaulado em cela fria, despojado de aroma ou cor Eu vi perdurar a dor Vi, distante, o céu No mar eu sucumbi Dissidente amor que me derruba decadente Arma contra o corpo que me faz cair Contundente flor que em mim respira independente Corte que me sangra até não existir Relutante cura que me chega agonizante Falha ao discernir escuridão da luz Cartomante lendo às cegas, falso comandante que para o abismo segue e me conduz Eu, perdido entre meus sonhos tateando uma saída degradante e sem pudor Delirante, pressuponho uma nova e breve vida sem horário e sem credor Eu quis evitar a dor mas, distante, o sol se foi e eu me desfiz
16.
Às cegas 02:11
Risco que correu por um triz Malograda cicatriz Pulga atrás d’orelha Ruga d’uma velha Caule que perdeu a raiz Madrugada infeliz Ferpa no assoalho Retorcido galho Se insinua então de soslaio Vento no outono Da pele, Da vista, Às cegas, Penetra No quarto abissal Vida que encenou nossa atriz Malfadada imperatriz Queda da cadeira Boca de caveira Ignora o odor do nariz Encarquilha nos covis Feito bicho sujo Lento caramujo Se está nua então, só decai teia que se trai areia que se esvai a veia sobressalta Balbucio que se desdiz Maldizeres infantis O risco que correu A vida por um triz Acaba nesse breu Desmancha feito um giz
17.
Fala, meu Mestre, meu santo, que foi desse mundo prum outro recanto, conta pra mim o que conta do que há nesta vida – fechadas as contas – que eu ando perdido e confuso com tanta mentira e rancor, o que anda caindo em desuso é aquilo a que mais dou valor... Fala, meu Mestre, meu santo, o que vale a pena aqui, por enquanto? conta pra mim o que conta de todo o absurdo – de que mal dou conta – que eu ando perdido e confuso com tanto rancor e mentira, mesmo o ar vem caindo em desuso, é a dor o que mais se respira... Fala, sô Jonas, meu santo, que a pena tem fim e o resto é só encanto, conta pra mim (– faz de conta...) que todo esse pranto aí não se encontra.
18.
Índia ocidental Onde pára o sol Latitude vinte graus Ilhas a granel Mar que beija o céu Bem no clima tropical Passa o Panamá Na Jamaica, Jah Cúmbia na Colômbia Bravos siboneys Dançam samba em três Habaneras ancestrais Lá se converteu, se bebeu, por amor Quente sangue se verteu, por louvor Serras, costas, botas e matagais Biltres, putas, padres e canibais, Escravos, senhores... Granada, intervenção Haiti, motim Trinidad, não tá ruim Nas Antilhas, cais Mastros e canhões Offshores sem fiscais Grande Caimão Rumba, salsa, son Merengues dominicais Bravos siboneys Dançam ao som do tres Habaneras ancestrais
19.
Não temos mais que uma marimba um conta-gotas e olhe lá Cadinho só se sabe ainda Qual é a conta pra se contar Então se esquece da marimba – caipora fica ao deus-dará. Mas eis que enquanto pipa pinga e pinto pia pra danar (É feito um peito que rezinga e aos tapas pede um prantear – a gente o tapa e põe mandinga que as gotas sumam sem vazar)...
20.
Admiro essa vendeira vislumbrando olhos de sogra e suspiros – boa feira às segundas terças quartas tão bem sétimas e oitavas... Ai... a moça brigadeira embolada em brevidade sem descanso nem consolo de maçãs e amor à alma... não se a pega nem apalma – só se a toca a fura-bolo... só pra ver se é de verdade...
21.
Foi mais um domingo bem sem graça Vendo jogo na tevê e esse meu time que não sai nem falta faz Não passa essa retranca nem tabela Lá vai mais outro chute de donzela Outra bola fora logo agora que demora do volante, tão distante que não marca o lateral Que falta faz um meia cerebral Um atacante com tiro fatal A pressão vai mal, tome cuidado que tá fraco o coração, doutor já receitou Veneno remédio, o ludopédio panacéia capital, a droga da paixão Ó meu bem cuidado com essa taça que perigo que desgraça, ninguém pensa com a cabeça pra atacar assim meu coração atribulado não güenta ver mais pênalti anulado bandeira de uma figa, torresmo de barriga traz lá mais outro Sonrisal Lançamento errado pro ponteiro o desespero só aumenta e nem cerveja alivia a aflição se formos pra segunda divisão meu plano não tem cobertura não Soco do goleiro pra escanteio que proposta defensiva, lance feio, o zagueiro é um animal eu tomo dose de contra-indicado afasta esse ameaça aqui do lado A pressão vai mal, tome cuidado que tá fraco o coração, doutor já receitou Veneno remédio, o ludopédio panacéia capital, a droga da paixão Pelamordedeus, falta de raça, E outro trago de cachaça, só assim pra tolerar essa pelada Impedimento bem na hora errada Eu grito e minha veia tá saltada bandeira de uma figa, torresmo de barriga traz lá mais outro Sonrisal Foi mais um domingo um sofrimento Vendo jogo na tevê e esse momento do meu time não dá pé Não sobe posição nessa tabela A bola espirra e bate na canela Apela pra qualquer pajé
22.
No Carnaval vai ter folia no iate Escolha a fantasia de mordomo ou de alcaide Na festa você vai fingir que é um proletário de um país qualquer vivendo a ilusão de ser feliz Que lindo! Deixe de lado a tristeza já está sobre a mesa, a reforma chegou No Carnaval vai ter orgia no iate Gozar no seu futuro sem restrição de idade Escravos e empregados sentarão no colo quente e justo do patrão felizes, se beijando com ardor Que lindo! São tantas mãos a esfregar sem pudor o bolso do despido a casa do não-morador o sonho interrompido de alguém que não se aposentou o luto esquecido da história do trabalhador o que era pra ter sido do gigante que não acordou. Mas alegre-se: No Carnaval vai ter suruba no iate Você será comido por Sua Majestade A brincadeira é saber quem vai ficar com a princesinha do papai por mérito e justiça, ela chegou Que lindo! Venha alegrar essa festa, afine a panela, sua hora chegou Chegou... "Você merece... você merece..." Meu Carnaval já foi vendido num iate...

credits

released March 21, 2019

Composed, arranged and produced by Mauricio Ribeiro.

Recording engineers | Fred Tafuri (Estúdio Verde), Rafael Dutra and Ygor Rajão (Estúdio Motor), Bruno Lima (Estúdio Sonoro), André Tavares (Atlântico Blue Studios), Ary (Toolate Studio)
Mixed by Mauricio Ribeiro
Mastered by Ygor Rajão and Mauricio Ribeiro
Executive producer | Laís Vitral (Vitral Bureau Cultural)
Art of physical album | Jiló Design (Julio Abreu + Leonora Weissmann)
Images | Leonora Weissmann
Mauricio's picture by Alberto Becucci
Rita Lee's picture by Cássia and Otacílio

Recorded in Belo Horizonte (Brazil), Paço de Arcos and Montemor-o-novo (Portugal), Barcelona and Valencia (Spain) between June/2018 and February/2019.

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Mauricio Ribeiro Valencia, Spain

Mauricio Ribeiro is a Brazilian musician, composer and music producer.

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